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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

terça-feira, 27 de novembro de 2007

A terna saudade


Por vezes, a saudade retorna de suas veredas com uma terrível força e me lembro que Schopenhauer, de fato, está profundamente certo ao afirmar que podemos nos livrar da dor com a arte.


Amo mesmo teatro!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O terno amor


(para ouvir ao som de "Cluster One" de Pink Floyd)

Por Deus! Por Deus! O que dizer a esta hora da noite? O que dizer aos anjos e às putas? A esta hora resta somente estas palavras tolas de quem nao possui absolutamente nada para dizer.

É como se a cada olhar fixo nas coisas, no mundo, restasse um desejo cálido de encontrar a pessoa amada. Onde, meu Deus, surgirá, diante de mim, este espectro alucinógeno que me levará definitivamente à vida?
Espero, espero... Esperar é uma desvirtude, por vezes. Talvez eu deveria ousar: deveria esquecer das exigências para simplesmente crê na possibilidade da paixão. Para que?

Apaixono-me perdidamente por minutos e depois esqueço. Aquilo que parecia paixão passa. Quando este ou qualquer outro sentimento é mais forte sofro calado, como já amei calado. Se foi amor, deveras. O que importa? Apenas amei com os olhos, com a miserável fantasia de que podia ser devidamente correspondido.
E amo pessoas silenciosas que encontro nas avenidas, que contemplo à espera do ônibus, que olho perdidamente dentro do metrô. Amo alguém a cada viagem, a cada férias... Na verdade, não amo ninguém. E sofro porque queria amar loucamente como os românticos. Amar sem medo.

Uma vez amei. Uma vez só. Amei às escondidas; somente a pessoa amada e eu sabíamos daquele sentimento profundo. E nos encontrávamos na calada da noite, nos becos escuros, nos lugares mais distantes. Aí fui feliz por instantes, instantes que emanam felicidade até hoje, contudo me deixam melancólico, posto que nunca mais consegui repetir esse feito, essa aventura jovial.

E o que resta é uma tristeza vaga. Decerto, uma saudade doida, uma vontade inigualável de retornar terno aos braços desse amor. Por isso, talvez me mantenho numa freqüente procura, mas sem ações, como se as forças cedessem e eu estivesse paralisado.

Por Deus! Por Deus! Vem, cheio de candura, amor de sempre que estar tão perto e eu não vejo, não sinto.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Entre janelas e baús


São alguns dias de horror, mas de extrema alegria quando vejo tudo bagunçado sobre a cama e fotos e livros se misturam pelo quarto. O meu quarto é um lixo. Mas gosto de tudo aquilo.


De repente, estou de volta ao meu baú, parte está aqui em São Paulo e a outra no Pará. Esta semana me levou a rever uma antiga pesquisa sobre o vocabulário dos mundurukus, povo indígena do Rio Tapajós, região da cidade onde nasci, Itaituba, no estado do Pará.


Mas a pesquisa do Vocabulário Munduruku estava datilografada e tive o trabalho de digitar cada página, cada nome. Não deveria errar nada.


Por vezes, tenho nostalgia de héroi. Queria apenas possuir uma super câmera filmadora e viajar Tapajós a dentro para conhecer as aldeias mais distantes dos mundurukus e criar um documentário que revelasse a alma deste povo desconhecido.


É como se eu quisesse ser a junção de antropólogo e cineasta, posto que não consigo pensar a academia sem a arte.


Mas o meu baú continua empoeirado e, quando tenho tempo, tento corajosamente colocar os fragmentos em dia, como se quisesse concertar o mundo. Como se quisesse concertar a mim mesmo.


Vou levar o "Vocabulário Munduruku/Protuguês" para uma entrevista na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. E, por razões desta entrevista, ando agitado, revendo os baús e textos antigos (Não tão antigos). É modo de expressar.


Daqui, de onde estou agora há uma janela aberta para a rua... Seguro-me aos meus baús, tenho medo deste céu que está cinza, sempre anunciando que vai chover.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Luta quase corporal


Olho para o Dom e me divirto com aqueles textos enormes (tão extraordinários). Não sonsigo ficar um dia escrevendo e ainda me culpo por não fazer outros deveres que deveria fazer. É incível que eu esteja sempre me culpando por não estar em casa e quando estou em casa não faço nada, nem comida. Só quando aperta a fome. Destarte, neste instante, não posso, pelo menos, ficar com um sentimento de culpa por escrever neste diário. Escrevo e pronto. Somente o que não é secreto. Mas fico espantado por escrever rápido, por não corrigir o que escrevo. Sou exigente com qualquer palavra e desejo, a todo instante, que elas estejam nos lugares certos e na hora certa.

A busca pelo escritor


Mais e mais atividades. Sempre esta briga constante com o tempo. Como alguns conseguem resistir ao tempo sem reclamar um segundo seguer? Existem homens que escrevem o tempo inteiro. Eu só consigo escrever alguns poemas quando estou no ônibus e gasto anos tentando reelaborá-lo. Meu Deus, o que ensejo apenas são algumas horas para concluir O Livro da Embriaguez, o que resultará na voz definitiva do meu personagem amado (não que os outros não sejam): Ernesto López, o quase-homem, o bêbedo, o suicida, o eternamente amante de Franz Eddie. Haverei, pois, um dia - quando o estômago, por fim, não gritar mais e eu não precisar andar a cidade inteira para trabalhar - escrever escrever escrever: oito horas por dia, como todo trabalhador.

John Lennon




John Winston Lennon, MBE, (Liverpool, 9 de Outubro de 1940 — Nova Iorque, 8 de Dezembro de 1980)

terça-feira, 9 de outubro de 2007