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Talvez o mímico Marcel Marceau tenha sido a minha grande descoberta neste primeiro semestre de 2008, graças à minha professora de clown, Lígia.
A mímica é uma arte tão lírica quanto a poesia. Difícil como a poesia.
Também Bob Dylan com a sua música triste foi um grande encontro. Ele me levou à minha infância amazônida.
Penso que Chaplin (ou o Carlitus) e Marceau estão impregnados no meu ser. Desejo escrever um poema para "O livro da Embriaguez" com o título "Com Chaplin e Marceau". Será um poema corajoso. Não me peguntem o que é um poema corajoso.
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10 de março 2008
A esta hora refutar para que
Se o silêncio é um mérito abstrato,
Se Beirute está distante?
Se o silêncio é um mérito abstrato,
Se Beirute está distante?
A esta hora os demônios estão fervendo no asfalto.
[Beirute? Eu odeio Beirute.
E tenho vontade de cuspir a língua para fora,
O cérebro para afora,
O ânus para fora.]
Não posso rir com este canibalismo dentro das veias.
Com este rapaz morto transpirando intimamente
Com o meu suor.
Não posso tomar coca-cola com limão.
Meu deus, nada posso.
Merda... este naturalismo que não finda.
Isto é teatro, meu caro Ernesto.
A realidade? Digam a ele que a realidade
É uma invenção quase susceptível.
E que o Dr. Simão Bacamarte, por vezes, chegou ao orgasmo,
Mesmo com masturbação verbal.
Fazer sexo não é tão engraçado quanto parece.
Não posso rir enquanto este rapaz morto insiste em fotografar
As minhas malícias.
À noite, colocamos o colchão na sala
Para assistir Almódovar.
Para assistir Almódovar.
Não preciso mentir: Borges foi um escritor ressentido?
Não fico ressentido quando as meninas da Consolação
Põem os peitos para fora,
Posto que os travestis merecem todas as elegias do mundo.
Mas prefiro a frieza das estátuas.
Eu faço sexo em silêncio
E, em silêncio, tranco a porta
E, em silêncio, tranco a porta
Quando é noite
E o rapaz morto dorme terno com seu desespero.