Dois dias com o corpo jogado sobre a cama. Dois dias:
Um calhamaço de papel em branco.
Já estou pálido: e o cabelo e a barba crescem.
Já estou velho: dois dias.
Por que exigem que eu seja herói?
Joguei os meus santinhos de porcelana para fora do meu peito,
Mas eles insistem em amendrontar as tardes silenciosas,
Em que o lago de Montgeron parece um aglomerado azul-escuro
De aflições estáticas.
Por que a Sra. Hoschedé passeia sozinha neste outono triste?
Não! Não! Não! Vou sepultar o meu defunto
Sobre a colina do horizonte onde ainda brilha o sol.
Por Deus, não esqueça as flores da orla de Gennevilliers.
Avise a todos que toda lágrima é proibida
E a cerimônia iniciará somente com a chegada da Sta. Jeanne-Marguerite Lecadre.
Dois dias e eu não tenho fome
E a cama é meu cruel ressinto
E morrer é como não pedir perdão.
Não vou levantar, porque a morte é a mais infeliz das perdas
E viver é um ato criminoso.
Quando Eddie e eu fomos para o sítio de Andrews
Tínhamos esperanças de que a morte
Só chegaria em dezembro.
Mas a penunbra traiçoeira escavou o meu pulmão
Em meados de setembro.
(Ernesto López)
Não se trata de um poema concluído, mas de um rascunho. Tenho tratado com cuidado um certo poema "A morte de Franz Eddie". Deve este ser uma peça marcante do "Livro da embriaguez", o livro de poesia que estou preparando e que, em verdade, é o monólogo de um só personagem: Ernesto López.
Há uma primeira parte do poema "A morte de Franz Eddie" que penso está melhor elaborada. Esta segunda parte ainda se mantém um tanto crua, com construções um tanto pobres.
Fiz uma opção que exige logo do leitor uma relação com as artes plásticas, pois todo o poema está pautado em referências à obra de Monet.
A paisagem idealizada para a morte de Eddie são as paisagens pintadas por Monet. Trata-se de uma morte composta com o colorido desse artista, com as figuras de senhoras segurando sombrinhas e andando por campos de papoulas vermelhas.
Espero alcançar um resultado de maior elaborção.