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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Bilhete para Dom (Rafael Coelho)





São Paulo, 23 de outubro 2008

Minha luta agora é brava e cansativa. Depois de um ano e dez meses como professor de Filosofia, cheguei ao limite desta profissão (creio que parecerá desagradável se eu usar o adjetivo profissão infeliz). Não a Filosofia. Adoro Filosofia. Mas a profissão de lecionar que é um castigo, menos para o corpo e mais para a alma.

Admiro em mim a clareza de perceber aquilo que me faz mal. Deixei o curso de Psicologia e fui para o Jornalismo, que é um divertimento agradável. Agora, preciso dizer adeus a este trabalho desgastante - em alguns instantes penso que inútil também.

Cara, não é nada fácil mudar de emprego nesta selva, São Paulo. E sei que mais tarde terei que lecionar numa faculdade, afinal estou no mestrado em Filosofia e terminando uma pós em Comunicação e Mídia. É tanto curso e muito cansaço.

Por vezes, tenho vontade de ficar na casa do Dom paulistano (a sua versão aqui em Sampa) e fumar e cheirar todas. Aí vem aquela obrigação que me trouxe da Amazônia para cá: eis-me aqui para vencer. Não dá para mergulhar em ilusões alucinógenas. Sobre a minha cama há um monte de papel. Há 200 envelopes, mil folhas sulfites ...


Rudinei Borges