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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Conversa de Rudinei Borges com Felipe Garcia





"Eu celebro a mim mesmo, e o que eu assumir você vai assumir, pois cada atómo que pertence a mim pertence a você". (Walt Whitman)



Felipe Garcia: Os gregos e os latinos tem muito que nos ensinar sobre a clareza das coisas. A poesia não é essa força esmagadora de uma forma, essa coisa descontrolada em que o poeta não sabe o que está dizendo. Um grito, em um poema, é tão suave como um volante hidráulico (sem futurismo!). Meu caro Borges, eu já vejo em sua poesia certa clareza e liberdade, principalmente em Ernesto, e fico muito feliz por isso. Eu estou desenvolvendo os versos nesse processo eterno de tentar buscar o íntimo das coisas livre de qualquer compreensão ou conhecimento de mundo. Poeta, não grite às alturas os teus versos, viva-os.


Rudinei Borges: Gosto do teu dizer. De fato, os gregos e os latinos tem muito que nos ensinar sobre a clareza das coisas. Não sou um poeta panfletário. Sigo apenas os meus mestres: Pessoa, Whitman, Eliot, Bukowski, Rilke e Lorca. Talvez eu tenha lido de mais estes caras. Parece-me que você e eu, porém, ainda não abraçamos a poesia pós-moderna de Leminski, por exemplo. A poesia visual. Você precisa conhecer "Folhas de relva" de Walt Whitman. Aí deveras entenderá a linha poética que sigo. Não sei e não consigo ser cerimonioso como os gregos e os latinos. Mas não sou panfletário.


Felipe Garcia: Ah, eu te compreendo, Borges! Realmente não é um panfletário. Eu conheço alguns poemas de Walt, sou sincero em dizê-lo, mas meu conhecimento da obra dele ainda é muito pequeno. Irei dar uma olhada melhor na obra dele. Sempre tenho esse olhar para frente, sem esquecer os grandes, tentado mudar alguma coisa, não sei. O caminho é certo, e o destino o fará. Até mais!